Higiêne e Profilaxia: Processo Saúde x Doença

13/07/2009 02:49

PROCESSO SAÚDE x DOENÇA   


A competência profissional na área da Enfermagem é fator importante para elevar o nível de saúde da população, o qual depende do alcance do profissional para evitar problemas de saúde ou para resolver os que se apresentam. Faz-se necessário que o enfermeiro conheça sua área de atuação frente a prevenção e os diferentes fatores que determinam as condições de saúde do indivíduo. Tendo presente tais aspectos, são importantes estudos que sinalizem problemas na formação profissional, como fator indispensável à permitir adaptações constantes às reais necessidades da população, a quem se destina o trabalho.

É comum, entre os profissionais de saúde e a população em geral, uma concepção limitada do significado do termo saúde, definindo-a como o oposto da doença (ausência de doença). Velhos desafios ainda percorrem a vida em sociedade, como o desemprego, a miséria, a violência... que têm relação direta com o processo saúde/doença de uma população.
O Brasil institui o preceito constitucional que coloca a saúde como direito do cidadão e dever do Estado. Grande parte da população acredita que saúde e doença são apresentados como fenômenos "dicotômicos" e invariavelmente separados. Na verdade, os indivíduos em geral, não são saudáveis ou doentes. Apresentam diferentes graus nas suas condições de saúde, que podem variar, dependendo de uma grande quantidade de fatores que as determinam em dado momento. As variações dependem, inclusive, do tipo de combinações que esses fatores apresentam em um momento específico, determinando condições de saúde que podem ser boas ou ruins em graus diversos. Não é fácil separar o momento exato em que um indivíduo pode ser considerado saudável ou doente.

A OMS (Organização Mundial da Saúde - 1948) apresenta uma definição de saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência da afecção ou doença."

A VIII Conferência Nacional de Saúde (1988) ampliou significativamente o conceito, incluindo nele não só as condições de vida (alimentação, habitação, trabalho...) mas, também, direitos ligados ao acesso universal e igualitário à ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde e exigências ligadas a uma política nacional de saúde.
Nesse sentido, saúde é o resultado da inter-relação entre variáveis determinantes das condições de saúde. A multideterminação e multifatorialidade propiciam uma noção da complexidade que pode haver nos eventos relacionados com a saúde dos indivíduos. Saúde e doença não aparecem como fenômenos estáticos, separados ou dicotômicos, mas são gradientes resultantes da combinação de inúmeros fatores que podem determinar, dependendo dos tipos de combinações, diferentes graus nas condições de saúde dos organismos.

1- Conceitos :

♦ Processo saúde-doença: representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que varia nos diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade (Saúde e Cidadania).

♦ Saúde: definição de saúde varia de acordo com algumas implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.

* Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença (OMS).

♦ Doença: (do latim dolencia, padecimento) é o estado resultante da consciência da perda da homeostasia de um organismo vivo, total ou parcial, estado este que pode cursar devido a infecções, inflamações, isquémias, modificações genéticas, sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções orgânicas. Distingue-se da enfermidade, que é a alteração danosa do organismo. O dano patológico pode ser estrutural ou funcional (WIKIPÉDIA).
* Processo patológico definido com um quadro característico de sinais e sintomas. Pode afetar o corpo inteiro ou quaisquer de suas partes. Sua etiologia, patologia e prognóstico podem ser conhecidos ou desconhecidos.

2- Teorias da Doença:

♠ UNICAUSAL : Elemento externo entrava e saía do corpo incontrolavelmente (era bacteriológica).

♠ MULTICAUSAL (1960): O processo da doença depende das características do agente patológico (animados e inanimados), características do indivíduo e de uma resposta a estímulos provocados de doença.

3- História Natural da Doença:
 

Identificação das causas envolvidas e da forma como participam no processo da doença, a fim de elaborar um modelo descritivo compreendendo as inter-relações entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente (Tríade Ecológica).



- Agente: Químico / Físico / Biológico / Genético / Psíquico
- Hospedeiro: Herança Genética / Anatomia e Fisiologia do Organismo / Estilo de Vida
- Meio Ambiente: Físico / Biológico / Social

História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE

Primeiramente a saúde era entendida como sendo o estado de ausência de doença, tendo o médico, como agente, atuando em um hospital. Neste modelo, o centro das atenções era a patologia em si. O Controle de sua evolução e o retorno ao estado de não doença eram os objetivos de todas as atividades.

Com o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos a Medicina foi se fragmentando, dando origem e espaço para outros profissionais de saúde. A atividade ambulatorial se somou às desenvolvidas em ambientes hospitalares e desta integração surge a noção de sistema de saúde. Aos aspectos físicos, ou biológicos, foram sendo agregados os psicológicos e os sociais, igualmente reconhecidos como causas de doenças. Desta forma, a saúde de um simples estado de ausência de doença, passou a ser entendida como sendo um estado de bem estar físico, mental e social.

Não obstante, o grande avanço que esta nova definição trouxe para a compreensão do fenômeno saúde, a visão ainda era estática.

A noção de que a saúde é um processo continuado e interdependente de preservação da vida, criou uma nova dimensão social. A saúde passou a ser também um processo de cidadania. Assim, todos cidadãos têm direitos, mas são igualmente responsáveis pela manutenção. A saúde, dentro deste enfoque, ocorre e é conseqüência de ações realizadas em toda a sociedade. Isto não exime o Estado, o médico e outros profissionais de saúde de suas responsabilidades, mas agrega uma variável fundamental de respeito ao individuo, doente ou sadio, através do compromisso social solidário na consecução do objeto maior de garantir condições dignas de vida a cada ser humano. Este modo de entender a saúde abrange aspectos individuais e coletivos, envolvendo questões ambientais e sociais.

DETERMINANTES DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE
A saúde é resultante da relação entre fatores biológicos, mentais, sociais e aspectos do ambiente onde os indivíduos vivem.
Na sociedade existem comunidades, famílias e indivíduos com maior probabilidade do que outros de apresentarem problemas de saúde, acidentes, morte prematura; em contrapartida há os que apresentam maior probabilidade de usufruir de boas condições de saúde. Quanto mais fatores influentes estiverem presentes, maior a probabilidade de ocorrência de determinado dano.
A percepção de saúde varia muito entre as diferentes culturas, assim quanto as crenças sobre o que traz ou retira a saúde. A OMS define ainda a Engenharia sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico (sistemas de água, de esgotos sanitários e de limpeza urbana) a saúde pública fica completamente prejudicada.

A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro, cruzado, etc.) dispendida em saneamento economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos,etc.) e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as populações.

Lei Orgânica de Saúde nº 8.080 /1990, art. 3º, parág. único:
“A saúde tem como fatores determinantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso a bens de serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica de País”.

BIBLIOGRAFIA:
- COELHO, Marta. História Natural da Doença
- MORECSH, Cláudia. Atuação do enfermeiro no processo saúde-doença
- WIKIPÉDIA. A Enciclopédia Livre.
- Saúde e Cidadania. Distritos sanitários: Concepção e Organização.

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